O jornalista e cineasta Arnaldo Jabor esteve na Toledo/PP no último dia 08 de maio para falar sobre “Mudança no Brasil: perigo e esperança”, quando deixou claro que o Brasil não pode ser um país do futuro e sim do presente.
“A vida é isso: medo e coragem. É uma dúvida o futuro do Brasil, mas o país agora mostra que vai melhorar. O brasileiro é pessimista e o sucesso o surpreende”.
Para ele, a repercussão dos crimes do Rio de Janeiro destaca a violência. “Isso é paranóia de classe média. Não é para subir o morro e dar tiros. É preciso união, organização policial, social, ‘grana’. A máquina brasileira é lenta e os traficantes evidenciam a vergonha da burocracia”.
Segundo Jabor, um país que não consegue manter um preso, é constrangedor. “O caso Fernandinho Beira-Mar mostra que o nosso governo não é capaz. É necessário incomunicabilidade do preso. Essa diferença entre Estado, município, comunidade, atrapalha. Os traficantes são muito rápidos. A idéia de crime e castigo policial é velha. O “cara” roubava uma galinha e era preso. Houve uma mudança no crime. É um processo social, de miséria, de psicose coletiva, de tráfico de armas. A política, a polícia, o exército, os planos de socialização, de urbanização têm que se modernizar. A situação é insolúvel. Fica o empurra-empurra”.
Ele acredita que a violência no país é o preço da nossa inércia. “Esse não é o preço da modernidade. Há 40 anos atrás, as pessoas viam favelas e não ligavam. Há 30 anos atrás era mole resolver o problema. Esse é o preço da estupidez, do egoísmo”.
Jabor disse que a ala principal do Governo Lula é sensata, e que o melhor para o país é o crescimento econômico, a democracia. “Existem os malucos, o Governo quer agir com respeitabilidade, mas os radicais do PT querem ‘botar prá quebrar’. Nesse caso, a ideologia justifica a burrice”.
No âmbito internacional, o jornalista afirmou que a única direita no poder é a americana e o perigo da idéia de democracia internacional é que tudo que se aprendeu no século XX está sendo esquecido. “A doutrina dos americanos é de que são os mais fortes e vão modelar o mundo segundo a sua visão. Então, acabam a sabedoria européia, as diferenças culturais? A visão unilateral é perigosa e o que me dá medo é a paz e não a guerra”.
Sobre a cultura nacional, ele afirmou que o cinema no Brasil vai muito bem, com filmes como ‘Carandiru’, ‘Cidade de Deus’ e ‘Deus é Brasileiro’. “São filmes ótimos, com prêmios internacionais, e acho até que ‘Carandiru’ vai ganhar em Cannes. Mas o cinema é uma arte cara. O Brasil precisa de mais salas e sem subsídios em país subdesenvolvido, não se faz cinema”.
Para ele, o jornalismo é a imediatista quando se considera pensamento e a publicação e completa: “Viver de dar opiniões é um privilégio. Agradeço muito”.
O evento foi uma promoção do Jornal O Imparcial e da Sabesp, com o apoio da Associação Educacional Toledo.