A produção do conhecimento científico sempreesteve atrelada a uma atividade árdua e solitária do pesquisador. Isolado davida social, envolto em livros, textos, experimentos, dados e gráficos, oresultado representava uma vitória pessoal e coletiva. Sempre foi tambémelemento essencial da pesquisa a ética na coleta e uso das informações.
Atuar com ética, de maneira muito simplória, érespeitar a moral e as normas de conduta de uma determinada sociedade, é acatarlimites de valores como dignidade, integridade e honestidade; é respeitar osanimais e os seres humanos envolvidos direta ou indiretamente no processo; éutilizar de fontes confiáveis e respeitar a autoria de pesquisas anteriores,dando o devido crédito ao pesquisador.
Na atualidade, entretanto, a comunidadecientífica lida com um problema ainda sem solução: a produção de conhecimentocientífico (há também a expansão da criação de arte) com o auxílio deinteligência artificial. Sob o comando humano, a máquina é capaz de processar eminerar dados em velocidade impossível ao ser humano, se utilizando deconhecimento já produzido disponível na rede para criar algo dito “inédito”.
Mas a quem cabe a autoria de tal produção? Éético e honesto declarar tal produção inovadora? Não seria desequilibrar o jogoda pesquisa a utilização de mecanismo capaz de burlar as horas dedicadas àprodução do conhecimento? Qual a credibilidade de um conhecimento criado pelainteligência artificial? A verdade é que não se sabe a extensão de atuação dainteligência artificial, muito menos dos riscos decorrentes desta ampliação deconhecimento.
É inegável a interferência e a necessidade datecnologia nos aspectos instrumentais da produção do conhecimento. O quedepende de limite e regulamentação é a “produção intelectual” da máquina, quese demonstra ferramenta que desrespeita aqueles que dedicam anos de vida àprodução de pesquisa ética e autoral.
Podemos finalizar esta reflexão com frase deMario Sérgio Cortella: “É necessário cuidar da ética para não anestesiarmos anossa consciência e começarmos a achar que tudo é normal”.