Nossas cidades são constantemente utilizadas em campanhas políticas em época de eleições, não somente como palco de comícios ou busca de votos, mas principalmente como instrumento de discurso, apontando-se os problemas, as falhas administrativas e principalmente com promessas de recursos e trabalho político para sua melhoria e desenvolvimento.
O papel político das cidades pode ir além do uso administrativo e gerencial de prefeitos, vereadores e deputados. O papel político da cidade é também de seus cidadãos. O Estatuto da Cidade, que regulamenta a polícia urbana da Constituição Brasileira prevê e exige a participação popular nas discussões urbanas, como o Plano Diretor, por exemplo. Mas não é somente pela imposição de leis que podemos contribuir na vida pública e no ambiente urbano, mas sim pela nossa importante participação em buscar direitos às condições básicas de infraestrutura, transporte, habitação, lazer, etc., mas como contribuir e participar efetivamente?
Participar de audiências públicas, Conselhos Municipais e associações de bairro, são talvez as ações mais comuns e diretas no exercício da cidadania, mas por outro há também as ações indiretas que possuem uma importância imprescindível na construção das nossas cidades. Todas as vezes que ocupamos espaços públicos estamos agindo a favor da cidade e de sua organização política, atendemos a função coletiva urbana e discutindo a importância cidadã daquele espaço público. A vida urbana não é individual restrita ao percurso casa-trabalho-casa ou trancados em muros. A vida urbana está nas praças, nas calçadas na festa da igreja de bairro, na prática do skate, no futebol do campinho abandonado ou no tereré no Parque do Povo.
Ocupar as cidades em favor do uso comunitário poderá refletir na melhoria do uso individual em segurança, lazer, etc. Pode ser uma ação revolucionária, transformadora e construtiva. O maior uso político urbano é feito por nós mesmos, cidadãos, que irão demostrar aos políticos em época de eleição como queremos que a cidade evolua e seja usada, como ela será no futuro, através desta ocupação cidadã.