A pandemia, no que tange aos negócios, acelerou processos e exigiu dos gestores correções, atualizações e adequações em curtíssimo espaço de tempo, o que é fato consumado e não se discute. No entanto, não bastasse os efeitos da pandemia, questões de ordem geopolítica devem contribuir para a revisão de cadeias globais de suprimentos nos próximos anos, visando reduzir a dependência atual de algumas regiões fornecedoras de componentes eletrônicos e de energia, impactando no futuro em decisões sobre investimentos em infraestrutura e tecnologia.
A instabilidade que se observa nas cadeias globais de suprimentos tende a fazer com que grupos econômicos internacionais integrantes dessas cadeias revejam sua estratégia de horizontalização, adotada nas últimas décadas em decorrência dos baixos custos de produção e infraestrutura logística que proporcionou a países asiáticos tornarem-se grandes players fornecedores.
Desta forma, a instabilidade coloca no radar possíveis investimentos em infraestrutura produtiva de bens de valor agregado, em países que disponibilizem infraestrutura logística para escoamento de produção, mão de obra capacitada, energia disponível de preferência renovável, estabilidade política, segurança jurídica, carga tributária que não “exporte impostos”, o que implica em política econômica e fiscal bem definidas e, naturalmente custos que proporcionem preços competitivos no mercado global, que em última análise é a conjunção de todas as variáveis relacionadas. Logo, a visão de médio e longo prazo se faz necessária a empresas e governos, em todas as esferas, frente às mudanças que teremos em um futuro não longínquo.