Xeque mate.
Desde filmes syfy até a previsão de momentos apocalípticos, é certo que vivemos tempos de ineditismo. Pensar o rompimento de um ecossistema quase tão naturalizado e em uma sociedade afastada, seria quase que utópico.
Mas o impossível aconteceu e, nesse contexto, escolas fecharam e milhares de crianças no mundo todo estão em casa, grande parte de férias e afastadas das rotinas preconizadas como indispensáveis. Um cenário que nos remete a uma discussão – não tão atual: qual o papel da educação e escola para a sociedade contemporânea?
Da Paidéia à construção dos colégios jesuíticos, universidades e até a democratização dos espaços escolares, estamos buscando maneiras de qualificar nossos processos de ensino e potencializar a aprendizagem de milhares de seres humanos. Entre crises e fracassos, foi-se questionando a necessidade de adequação da escola as necessidades sociais, sem de fato promover grandes rupturas da estrutura hierarquizada, rígida e disciplinar em que ela foi constituída.
E em tempos como esse, em que tudo precisa se reinventar, o que fazer com a escola que temos? Qual seria a escola que precisamos e queremos?
Necessariamente, pensar inovação nos espaços escolares requer desconstruir a visão que temos sobre escola, aula, ensino e aprendizagem. É admitir que o modelo que ainda temos é insuficiente diante as características da sociedade atual.
Obvio que esse processo não é imediato, mas estamos em tempos oportunos. Rubem Alves nos trouxe em suas reflexões que o papel central da escola era ensinar o nome das coisas, mas que era necessário ensinar o que as coisas são. Paulo Freire nos colocou que ensinar é um aprender constante, proporcionando múltiplas relações entre ensinantes e aprendentes. José Pacheco já nos demonstrou que é possível romper com o paradigma do espaço e da aula e que a aprendizagem significativa acontece além de métricas disciplinares.
Entre as múltiplas experiencias, sem necessitar citar uma imensidade de pesquisadores, temos que o aprender e o ensinar tem base centrada na pesquisa, na filosofia, na análise de contextos, na execução de projetos reais, nas trocas e reflexões entre pares, na construção de ações que dão significado a vida.
A escola que queremos e que temos direito a ter precisa ser construída na premissa de proporcionar aos estudantes protagonismo, aprendizagem ativa e significativa. Um espaço não pode ser o determinante para que ela aconteça, e sim, as relações estabelecidas e a objetividade que nela se preconizam.
E se o afastamento social durar até dezembro, as escolas permanecerão em férias? Não! Necessariamente esse é o tempo para inovar. Você está pronto pra isso?