Coronavírus X Economia

07 | 04 | 2020
Fabio Ibanhez Bertuchi
Fabio Ibanhez Bertuchi

Divulgada amplamente nos meios de comunicação de todos os tipos, certamente a grande maioria das pessoas está acompanhando o impacto causado pelo COVID-19 na saúde da população, levando, inclusive, a óbitos em países pelo mundo.

Além do seu impacto no bem-estar das pessoas, o coronavírus certamente vai deixar outras marcas, uma delas, refere-se aos efeitos na economia mundial, em especial na do Brasil.

O primeiro efeito que percebemos do COVID-19 diz relação a bolsa de valores e alta do dólar. Tendo esse vírus iniciado na China, uma das principais economias mundial, sendo esse país um dos maiores produtores de mercadorias consumidas por todo o mundo, o fechamento da sua produção interna e distribuição acarreta um impacto devastador pelo globo terrestre. Outro ponto relevante é que a China também é uma das maiores consumidoras de produtos, principalmente brasileiros, como soja e minério de ferro.

Nesse contexto todo, se uma das principais economias está com problemas para vender e comprar, os investidores de todo o mundo recuam face a instabilidade da economia que dita o ritmo mundial. Com isso, os investimentos na bolsa de valores caem, uma vez que as ações tornam-se voláteis demais, tendo os investidores migrando para algo mais seguro, o dólar no caso. Isso fez com que a moeda americana tivesse uma procura maior, subindo assim seu valor de comercialização.

O Brasil começava a querer demonstrar uma economia estável e segura, o risco. O risco-país por exemplo, que é mensurado pelo CDS (um tipo de seguro), avalia o risco das economias, sendo que quanto mais alto, maior as chances daquele país dar o calote, ou seja, arriscado para os investidores.

Recentemente, em meados do final de 2019, o risco-país brasileiro chegou ao menor patamar dos últimos dez anos, sendo esse um dos termômetros acerca da economia brasileira. Tal fator, favorece o mercador financeiro nacional, bolsa de valores em alta e queda do dólar.

Em meio a toda essa pandemia, rapidamente os governos (federais, estaduais e municipais), tomaram ações afim de controlar a contaminação, preservando a saúde das pessoas. Tais atitudes visam preservar o bem maior da humanidade, a vida, mas não há como não analisarmos o terrível impacto na economia brasileira, como em todo o mundo.

A principal atitude para fins de controlar o COVID-19 foram decretos por todo o Brasil, determinando o fechamento de fábricas, comércios e serviços. Sabemos que o consumo é um dos principais vetores da economia, sem o qual, não há produção, tão pouco vendas, afinal, se ninguém compra, qual o motivo de produzir?

Em razão da insegurança gerada na população, sem uma ação organizada e até uma cultura para situações como essas, não podendo deixar de destacar a negligência dos governos estaduais e municipais nesse contexto, isso porque deixaram de passar segurança (isenção ou prorrogação dos tributos) aos empresários e comerciantes acerca da continuidade de seus negócios. Parte do empresariado começou a optar por demissões e deixar de pagar seus compromissos. Da mesma forma, se o trabalhador fica inseguro acerca da continuidade do seu emprego, deixa de gastar e consumir, gerando do assim um círculo vicioso.

Como exemplo, podemos citar a prorrogação do imposto inerente às micro e médias empresas, o Simples Nacional. Todavia, tal atitude partiu somente do governo federal, sendo que o Simples Nacional contempla tributos de ordem estadual e municipal, os quais estes últimos não prorrogaram seus tributos, querendo a todo custo receber o que entendem ser seus. Isso sim é um estado de pandemia.

Um dos caminhos para buscar o equilíbrio da economia, mantendo-a aquecida, seria haver circulação de dinheiro de forma distribuída. Como opção, fica liberar boa parte do FGTS aos trabalhadores. Outro caminho, seria a prorrogação de todos os tributos por um prazo de, pelo menos, três meses, a serem pagos a partir do próximo ano, de forma parcelada, sem juros ou multa.

Certamente, haverá quem diga que o governo não pode ou não consegue fazer tal feito, seja invocando a Lei de Responsabilidade Fiscal ou até mesmo o orçamento. Ora! Se o governo não consegue, imagina se os trabalhadores, empresários e comerciantes vão conseguir sozinhos?

opinião.