Pesquisa revela perfil do autista em Prudente

Estudo mostra como vivem os pacientes e suas famílias e os obstáculos encontrados, principalmente, no que se diz respeito às dificuldades de acesso às políticas públicas para o atendimento dessas pessoas

15/12/2017

Nesta quinta-feira (14), alunos do 8º termo do curso de Serviço Social da Toledo Prudente Centro Universitário divulgaram uma pesquisa realizada em Presidente Prudente sobre o transtorno do espectro autista (TEA). Para produzir o estudo, os estudantes tiveram contato com 21 pacientes portadores deste transtorno.

 

A pesquisa mostrou como vivem os pacientes e suas famílias e os obstáculos encontrados, principalmente, no que se diz respeito às dificuldades de acesso às políticas públicas para o atendimento dessas pessoas.

 

“A Toledo Prudente traz para sala de aula uma discussão relevante sobre um tema que vem sendo tratado em nível mundial, além de possibilitar ao aluno que ele desenvolva a pesquisa na prática, que é um dos eixos de trabalho do profissional de Serviço Social”, destacou a assistente social e professora orientadora da pesquisa, Silvana Trevisan.

 

De acordo com o levantamento, o transtorno do espectro autista atinge, em sua maioria, meninos (95% dos entrevistados) e grande parte é diagnosticada em crianças entre seis e 10 anos de idade (48% dos entrevistados), podendo ser classificada em três tipos de graus: nível leve (67%), nível moderado (14%) e nível severo (9%), resultando em problemas de linguagem, socialização, movimentos, dentre outros.

 

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Silvana Trevisan conta ainda que, para que a pessoa autista consiga despertar o seu desenvolvimento pessoal, social e familiar, é necessário que ela tenha um acompanhamento de profissionais preparados, capacitados e qualificados, além de um tratamento especial que envolve diversos setores.

 

A pesquisa mostra um alto índice de insatisfação, principalmente, no que diz respeito ao setor da saúde. Boa parte das famílias cita a falta de medicação, vagas em serviços capacitados de educação, lista de espera para atendimento médicos especializados como fonoaudiólogas, psicólogos, neurologista, psiquiatras, entre outras áreas.

 

No aspecto educacional, 16 famílias disseram ter tentado ingressar o autista na rede pública de ensino, mas também encontraram dificuldades como falta de tutor, equipe sem capacitação técnica, falta de estrutura física e material, além do preconceito. Apenas quatro famílias disseram não ter encontrado nenhum tipo de problema.

 

Outro fator identificado na pesquisa mostra que a maioria destas famílias não recebe nenhum tipo de renda que se destine exclusivamente a eles. Apenas quatro recebem aposentadoria por invalidez, Bolsa Família ou são agraciadas com o Benefício da Prestação Continuada (BPC).

 

Desta forma, fica claro que o Estado deve atender as reais necessidades das pessoas com autismo, contudo, a sociedade, com muito esforço, já escalou alguns degraus nessa luta diária para a melhoria da qualidade de vida destas pessoas tão especiais, mas ainda há muito a ser feito referente a proteção social e aos serviços voltados ao mesmo.

 

Sendo assim, é de extrema importância que as políticas públicas possam abranger a totalidade das pessoas com TEA e demais deficientes, de modo que garantam as necessidades destes, tendo em vista que essa população se encontra mais vulnerável devido as suas condições vivenciadas, portanto, deve haver um olhar mais atento a estes, e que haja melhorias para poder suprir as ausências existentes.

 

Segundo os alunos participantes, a realização desta pesquisa concretiza um aprofundamento sobre o assunto, haja vista que o tema abordado deve ser discutido com mais frequência, podendo alcançar um maior número de pessoas informadas e orientadas sobre o autismo, assim a sociedade estará mais instruída sobre todo aspecto no que tange ao TEA, especialmente os direitos constituídos voltados a estes.

 

“Além de nos possibilitar vivenciar uma das demandas que vamos encontrar no mercado de trabalho, o assunto é muito relevante para a área do Serviço Social, pois é um segmento que não tem muita visibilidade e que ainda existe o preconceito na sociedade. A pesquisa com essas famílias, nos possibilitou ter uma ideia do quanto é difícil a realidade que elas vivem e também a falta de respaldo das políticas públicas, que aqui no município, são restritas”, ressaltou a aluna Marli Alves da Silva.

 

Para a formulação deste estudo, foram entrevistadas famílias de crianças autistas referentes a uma lista de espera da instituição Lumen Et Fides, escola de educação especial de Presidente Prudente.