Seo Milton Pennacchi, sempre dizia que “ninguém faz nada sozinho”. A mesma frase ganhou espaço na parede do Espaço TIE, na Toledo Prudente, e foi exatamente ali, que ela se fez presente, novamente, no Centro Universitário.
Ao longo de vários meses, o curso de Fisioterapia da Toledo Prudente juntamente com o Espaço Maker, trabalharam no projeto de fabricação de uma prótese de membro superior para o Benício Henn da Silva Blaia, de 4 anos.
A prótese, que foi entregue na última semana, é o resultado final do projeto após muitas medições e tentativas. Afinal, ela teria que ser perfeita para o Benício e, logo após o primeiro uso, foi notado que o resultado estava de acordo com as expectativas.
“Ele ficou muito feliz! Logo que colocou, já mostrou que estava adaptado e queria pegar as coisas, tanto é que conseguiu beber água sozinho. Isso tudo é muito gratificante, tanto para ele quanto para mim”, afirma a mãe do Benício, Carina da Silva.
Ainda segundo ela, Benício sofreu da síndrome da Brida Amniótica, que impediu o desenvolvimento completo do membro. A partir disso, fez-se necessário o auxílio de uma prótese para que os movimentos do braço e da mão pudessem ser desenvolvidos.
As primeiras conversas a respeito da prótese iniciaram durante uma das sessões de fisioterapia ocupacional, que Benício participa no AME (Ambulatório Médico de Especialidades).
“Eu sempre mostrava para a terapeuta as próteses, que a Associação Dar a Mão, faziam. Eu participo do grupo e acreditava que seria a melhor opção. Além disso, ela (a terapeuta) já acreditava que o Benício necessitava colocar a prótese desde pequeno, por conta da postura dele, porque ele estava começando a ter um pouco de escoliose por ele ter um braço só e ficar penso”, explica Carina.
Pensando nisso, um contato com a coordenadora e professora do curso de Fisioterapia, Alessandra Madia Mantovani, foi essencial para que o projeto saísse apenas do imaginário para ser realmente feito.
“Esse projeto surgiu na disciplina de prótese, órtese e tecnologia assistida, quando discutimos sobre modelos inovadores dessa área. Mas só foi possível graças à disponibilidade de recursos materiais e humano da Toledo Prudente”, destaca a coordenadora.
Alessandra aproveita para lembrar a importância que o projeto e a fisioterapia tem para a melhora da qualidade de vida do pequeno Benício. E, também, sobre como o projeto auxilia no desenvolvimento de bons profissionais na área.
“Toda a prótese oferece ao paciente mais funcionalidade porque garante uma melhoria no dia a dia e na qualidade de vida de um modo geral, já que o aproxima de locais e situação que, por conta da deficiência, possa ficar afastado”, explica.
Já quando Alessandra cita recursos materiais e humano, ela cita os equipamentos disponíveis no TIE, como a impressora 3D, e o Vitor Rodolfo Cecílio de Barros, técnico de laboratório maker.
Vitor foi o responsável por tirar do papel o sonho do Benício e, na produção, ainda contou com a ajuda de alunos da Toledo Prudente.
“As primeiras informações que soubemos foi a de que desenvolveríamos uma prótese de membro superior esquerdo para uma criança de quatro anos. Alunos de Engenharia de Produção e de Fisioterapia, auxiliaram na pesquisa e avaliação. Inicialmente, o objetivo era criar uma prótese estética não articulada. No entanto, durante minha pesquisa, encontrei um projeto 3D adequado para o caso do Benício”, conta Vitor.
E não apenas de pesquisas o projeto foi desenvolvido. Muitas medidas foram feitas para que tudo encaixasse da forma esperada, o que não aconteceu logo na primeira tentativa.
“Com esses dados em mãos, fizemos modificações na modelagem da prótese para um ajuste mais preciso. Em colaboração com a equipe que o acompanha, identificamos que os dedos estavam curtos e foram necessários alguns outros ajustes para tornar a prótese funcional. No mesmo dia, realizamos a segunda coleta de medidas. Após retornarmos à Toledo Prudente, fiz todos os ajustes necessários e entregamos a prótese finalizada na última segunda”, explica, Vitor.
Após a segunda tentativa, o resultado da prótese foi o esperado e o Benício pôde, enfim, fazer uso. Mas, mesmo com a entrega, o projeto ainda não está totalmente concluído. A partir de agora, a mãe do Benício terá mais um papel fundamental: observar, avaliar e relatar o desempenho da prótese.
“Ouvir os relatos da mãe do Benício e da equipe é fundamental para entendermos como a prótese está sendo utilizada, identificar eventuais dificuldades ou ajustes necessários e, assim, buscar maneiras de melhorar sua funcionalidade. Com base nesses feedbacks valiosos, poderemos fazer ajustes adicionais na prótese, se necessário, para garantir um melhor desempenho e maior conforto para o Benício”, finaliza, Vitor.