Fisioterapia diante da pandemia por Covid-19

05 | 06 | 2020
Alessandra Madia Mantovani Fabri
Alessandra Madia Mantovani Fabri

E quando não se poderia imaginar, o mundo é assolado por uma pandemia: termo desconhecido pela maioria e temido por especialistas. Em meio a tantas informações, aliás, fomos atacados por uma enxurrada de notícias (verdadeiras e falsas), coube destaque a uma outra designação: linha de frente. Estão incluídos na “linha de frente” todos profissionais que, inevitavelmente, mantiveram suas atividades mesmo diante dos riscos de contaminação da doença. Nesse grupo de profissionais, mais do que nunca, tem se destacado o papel do fisioterapeuta.

Em linhas gerais, a manifestação clínica da doença gerada pelo Covid-19 inclui um dramático quadro respiratório que, em casos mais grave, leva à necessidade de suporte ventilatório mecânico, geralmente, em leitos de unidade de terapia intensiva ou alas adaptadas para um atendimento de alta complexidade.  Nesses ambientes, é indispensável a presença contínua do fisioterapeuta pois o mesmo é um dos profissionais responsáveis pela avaliação da qualidade respiratória, pela manutenção da função pulmonar do paciente, por suplementar o oxigênio e pela estratégia ventilatória. Dessa forma, quando se destaca a importância de um equipamento de respiração mecânica ou de técnicas direcionadas à melhora das funções respiratórias, está também destacando o trabalho de um fisioterapeuta especializado em atuar nessas áreas. 

Ademais, a Fisioterapia aplicada em unidades de terapia intensiva se mostra eficiente em melhora funcional precoce, redução do número de complicações, redução do tempo de hospitalização e redução dos custos. Em um cenário como o atual de alta demanda hospitalar, precarização dos equipamentos de proteção individual e colapso econômico, o fisioterapeuta é imprescindível.

O que talvez não se saiba é que o fisioterapeuta sempre teve essa importância pois sempre trabalhou pela funcionalidade de pacientes críticos, mas o momento atual elevou esses profissionais, sobretudo, pela grande divulgação dos tratamentos e índices de mortalidade. A pandemia tem tido esse efeito, tem posto evidência em certas coisas desapercebidas e tirando de cena outras que não se mostram essenciais. O CREFITO informa que já recebeu centenas de vagas para fisioterapeutas na grande São Paulo, sobretudo para contratação imediata na linha de frente, com salários entre 3 e 7 mil reais, superando o previsto.

A pandemia também tem influenciado a atuação de fisioterapeutas em outros cenários, ao ponto de o COFFITO, em março deste ano, regulamentar o trabalho desses profissionais por meio do teleatendimento, telemonitoramento e teleconsultoria. Cabe ao próprio fisioterapeuta o julgamento de cada caso e dos riscos a serem assumidos em seus atendimentos. Ou seja, pacientes não atingidos pelo Covid-19 também precisam de atendimento e, dessa forma, a profissão se inova para atender a essa nova estratégia.

opinião.